Especialista da Inspirali traz informações importantes sobre o tema
Caracterizada pela despigmentação da pele, que causa manchas brancas de tamanhos variados, o vitiligo é uma doença autoimune que ainda gera muitas dúvidas na população. Embora não exista dados epidemiológicos oficiais no Brasil sobre a disseminação da doença, estima-se que ela afete cerca de 0,5% a 2% da população mundial, seguindo esta média também aqui no país.
Para trazer mais informações sobre o tema, a Inspirali, ecossistema que atua na gestão de 15 escolas médicas em diversas regiões do Brasil, convidou a Dra Nadire Cristina Freire Pontes, dermatologista e professora na Universidade Potiguar – UNP. Confira:
O que é vitiligo?
R: O vitiligo é uma doença de origem autoimune, caracterizada pela perda progressiva da pigmentação da pele, formando manchas brancas, bem delimitadas e de tamanhos variados. Isso acontece porque as células responsáveis pela produção de melanina — os melanócitos — são destruídas. Trata-se de uma doença relativamente comum nos consultórios dermatológicos, com uma distribuição igualitária entre diferentes regiões, gêneros e etnias.
Qual a causa da doença?
R: O vitiligo tem origem multifatorial. Está relacionado principalmente a processos autoimunes, nos quais o próprio sistema imunológico ataca e destrói os melanócitos. Fatores genéticos, ambientais, estresse oxidativo e traumas na pele (fenômeno de Köebner) também contribuem.
Em quem ela costuma se manifestar?
R: O vitiligo pode surgir em qualquer idade, gênero ou etnia, mas costuma se manifestar principalmente antes dos 30 anos, embora possa surgir mais tarde. Atinge igualmente homens e mulheres, e pessoas de todas as cores de pele — embora seja mais visível em peles mais escuras.
É uma condição genética?
R: Sim, existe uma predisposição genética. Cerca de 20 a 30% dos pacientes têm histórico familiar da doença. No entanto, ter um parente com vitiligo não significa que a pessoa necessariamente desenvolverá a doença, pois outros fatores ambientais e imunológicos também estão envolvidos.
Quais os sintomas?
R: O principal sintoma é o surgimento de manchas brancas, bem delimitadas, que podem aparecer em qualquer parte do corpo.
Alguns pacientes relatam:
- Sensibilidade aumentada ao sol nas áreas despigmentadas;
- Raramente: coceira ou leve ardência no início das lesões;
Não provoca dor, não descama e não causa sintomas físicos mais intensos além da alteração na cor da pele.
Como é feito o diagnóstico?
R: O diagnóstico é clínico, realizado através do exame dermatológico. O médico observa as características das manchas e pode usar uma lâmpada especial chamada luz de Wood, que evidencia a ausência de melanina. Em casos duvidosos, pode ser solicitada uma biópsia de pele, além de exames laboratoriais para investigar doenças autoimunes associadas, como hipotireoidismo.
A doença pode se desenvolver por questões psicológicas?
R: O vitiligo não é causado diretamente por fatores emocionais, mas o estresse físico ou psicológico pode atuar como gatilho para o surgimento ou agravamento das lesões, especialmente em pessoas geneticamente predispostas. Portanto, existe uma relação indireta entre fatores emocionais e o desenvolvimento ou piora da doença.
Como é feito o tratamento?
R: O tratamento tem como objetivo controlar a doença, estimular a repigmentação e melhorar a qualidade de vida. As opções incluem:
- Tratamentos tópicos com cremes/pomadas de corticoides ou imunomduladores;
- Fototerapia;
- Cirurgias: enxertos de melanócitos em casos muito selecionados;
- Tratamento sistêmico: com medicamentos imunomoduladores em casos específicos;
- Camuflagem cosmética: maquiagem para disfarçar as manchas;
- Suporte psicológico: extremamente importante para lidar com o impacto emocional da doença.
Vitiligo tem cura?
R: Não, o vitiligo não tem cura definitiva até o momento, mas existem tratamentos que controlam a progressão da doença e podem promover repigmentação parcial ou até total em algumas pessoas.
A doença causa algum tipo de limitação para a pessoa afetada?
R: Fisicamente, o vitiligo não traz limitações funcionais. No entanto, o impacto psicológico e social pode ser significativo, especialmente quando as manchas são muito visíveis. Isso pode afetar a autoestima, relações sociais, profissionais e até causar quadros de ansiedade e depressão em alguns pacientes.
É uma doença contagiosa?
R: Não. O vitiligo não é contagioso, não se pega pelo contato, pelo ar, por secreções ou qualquer outro meio.