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Médico de Família e Comunidade: comunicação clínica e escuta ativa nos cuidados com a saúde

11/06/2024

Atender pessoas de forma generalizada e integrada, desde o nascimento até o final da vida. Esse é o principal papel do Médico de Família e Comunidade, especialidade médica que, embora pareça novidade, existe há mais de 60 anos, mas vem recebendo diferentes nomenclaturas desde então. Para exemplificar e tornar a especialidade ainda mais reconhecida, a Inspirali,  convidou a Dra. Gabriela Gomide, Médica de Família e Comunidade, docente e coordenadora de Habilidades Médicas na Universidade São Judas Tadeu em Cubatão, que trouxe mais informações sobre este importante profissional da saúde. Confira:

O que faz o médico de Família e Comunidade?

R: A medicina de família e comunidade é uma especialidade médica responsável pelo cuidado de pessoas, independentemente da idade, do nascimento até o final da vida, através de seu acompanhamento longitudinal, ou seja, ao longo da vida.

Qual o perfil deste profissional? 

R: Gostar de gente. Nos interessamos em escutar histórias e nossa maior ferramenta é a comunicação clínica. Compreendemos que o processo saúde-doença é complexo, sofrendo influência de aspectos biológicos, psicológicos e sociais, sem haver um peso maior entre esses fatores.

Quais procedimentos este profissional realiza?

R: Fazemos absolutamente de tudo. Somos especialistas em generalidades. Sempre brincamos na residência que não podemos dizer “isso não é comigo”, porque tudo é com a gente. Realizamos atendimentos em saúde da criança, saúde da mulher, saúde do adulto, saúde do idoso. Realizamos procedimentos como, por exemplo, inserção de DIU e outros contraceptivos, cantoplastia, exérese de cisto sebáceo, etc.

Onde este profissional costuma atuar?

R: O médico de família em comunidade pode atuar em qualquer lugar. É bem comum as pessoas relacionarem nossa atuação necessariamente as unidades básicas de saúde. Apesar das residências médicas se inserirem preponderantemente, nesse cenário, hoje atuamos em ambulatórios de diferentes convênios, ambulatórios corporativos de maneira presencial e em telemedicina, na docência, como gestores em serviços de saúde, etc.

Qual especialização é necessária para se tornar um médico de família e comunidade?

R: Existem algumas opções para se tornar um médico de família e comunidade. Existe a residência médica com duração de dois anos, trabalhar em atenção básica por quatro anos ou realizar a pós-graduação na área. Na residência, o interessado já sai com o RQE, que é o registro de especialista. Na atuação em unidade básica e na pós-graduação, é necessário prestar a prova de título para conseguir o registro.

Faz parte de sua atuação alguma relação com psicologia para atender aos clientes?

R: É comum perguntarem se somos psicólogos, mas não temos uma relação direta com a psicologia. Nossa maior ferramenta é a habilidade em comunicação através da escuta ativa. Hoje não é comum escutarmos uns aos outros, imagina em uma consulta médica. Os pacientes acham até estranho esse interesse genuíno pelos seus problemas pessoais e imediatamente nos relacionam a uma abordagem psicológica. Nós tentamos apenas ouvi-los e relacionar suas vivências e percepções ao processo saúde-doença, trazendo o paciente a participar da construção do raciocínio clínico conosco.

É uma especialidade nova? Como e por que foi criada? 

R: A medicina de família e comunidade não é nova. Ela surgiu junto com as outras especialidades médicas, lá pela década de 60. Passou por algumas modificações de nomes no caminho e por isso a nomenclatura deve soar como algo novo. Surgiu desde que as especialidades focais apareceram porque, com o surgimento das especialidades focais que cuidam de apenas um segmento, notou-se a necessidade de alguém que cuide integralmente, coordenando o cuidado. 

O que difere este profissional de um clínico geral? 

R: Somos diferentes pela população atendida: atendemos também crianças e gestantes, enquanto a clínica médica atende adultos. A residência em clínica médica acontece em suma nos ambientes hospitalares, enquanto a residência em MFC acontece nas unidades básicas de saúde, o que nos proporciona vivência nas redes de atenção à saúde, longitudinalidade e coordenação do cuidado.

Quais são as habilidades necessárias para se tornar um médico desta especialidade?

R: Gostar de gente. Todas as outras habilidades podem ser desenvolvidas, mas gostar de gente é imprescindível.

O atendimento deste profissional é restritamente voltado para pessoas carentes?

 R: Jamais! Podemos cuidar e coordenador o cuidado de qualquer pessoa. Hoje existe uma procura grande de médicos de família para serviços privados, tanto em grandes empresas, quanto em convênio.

Como está atualmente a procura por esta especialização?

R: Atualmente a procura tem crescido bastante. Existe um interesse dos municípios para que a mão de obra na atenção básica seja especializada, por isso há uma oferta grande de vagas e investimento na área. Muitos médicos de família integram o corpo docente de faculdades de medicina, aumentando a visibilidade da especialidade e a visão dos alunos como uma possibilidade de atuação.

Outros países também possuem esta especialização?

R: Sim. Os médicos de família têm atuação central no cuidado em saúde da população, principalmente no Canadá e em Portugal.

Além do atendimento, quais outras contribuições este profissional traz para a saúde global? 

R: Se a atenção básica e a coordenação do cuidado funcionarem de forma efetiva, todas as outras especialidades ganham. Aumentando a potência da atenção básica, aumentamos sua resolubilidade e os encaminhamentos, portanto, são feitos com qualidade, chegando ao especialista focal o que realmente deve chegar, o que resulta em diminuição de filas de espera e a demanda de exames laboratoriais e de imagem. Todos ganham.

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