Saiba quais são os efeitos do consumo de energético para a saúde

07/05/2025
Juliana Cardio

Segundo especialista, quando consumido em excesso, riscos superam os benefícios

O consumo de bebidas energéticas pode ter efeitos significativos sobre o coração, como por exemplo aumento da frequência cardíaca, arritmias cardíacas, hipertensão arterial, “síndrome do coração partido” e até complicações mais sérias. São muitos os possíveis efeitos que o uso excessivo da bebida pode causar à saúde. Segundo especialistas, além do forte nível de cafeína, que pode ir de 80 a 160 mg dependendo da marca, a bebida contém também ingredientes como taurina, que contribui para estes efeitos colaterais.

Apesar disso, pesquisa realizada pela empresa de dados Kantar revela que o mercado de energéticos no Brasil tem se encaminhado para um cenário positivo em consumo fora do lar, com um crescimento de 54% em consumidores alcançados em um ano. Segundo a pesquisa, a principal razão de consumo dos energéticos pelos brasileiros é o sabor (39%), seguido pelas ocasiões para matar a sede (16%).

Mas quais os verdadeiros cuidados que devemos ter ao ingerir este tipo de bebida? A Inspirali, principal ecossistema de educação médica do país, convidou a Dra Juliana Filgueiras Medeiros, médica cardiologista e professora na São Judas, para tirar as principais dúvidas dos consumidores sobre o tema. Confira:

– Energético faz mal para a saúde?

R: O energético, quando consumido em excesso ou em uma frequência irregular, pode sim fazer mal para a saúde já que geralmente ele concentra altas doses de cafeína e açúcar que podem afetar o coração aumentando a pressão arterial, também causando taquicardia. Em alguns casos, pode até provocar arritmia como fibrilação atrial. Se a pessoa tem algum problema cardíaco, ou se é muito ansioso e/ou tem insônia, o ideal é evitar.

– Quais são os efeitos colaterais do energético?

R: Os efeitos colaterais das bebidas energéticas podem variar de pessoa para pessoa, mas alguns dos mais comuns incluem:  insônia, aumento da pressão arterial, aumento das arritmias, batimentos cardíacos irregulares, piora da ansiedade e dor de cabeça. Em casos extremos, pode causar crise convulsiva, desidratação e tem relatos até de parada cardíaca, mas não é tão comum. Depende muito da dose que a pessoa consome. Geralmente, para o paciente ter uma parada cardíaca, está associado com o uso de drogas ou bebida alcoólica.

– Quem não deve consumir?

R: Pacientes com problemas cardíacos, tais como hipertenso, portadores de arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca, nossa recomendação é evitar. Quem tem crise de ansiedade ou pânico precisa evitar o consumo, porque ele pode desencadear uma crise de pânico mais grave ou piorar a ansiedade. Quem tem distúrbio de sono, tais como insônia ou dificuldade de dormir, o energético vai atrapalhar o sono do paciente e, consequentemente, ele acordará mais cansado. Crianças e adolescentes não devem consumir porque ainda estão em desenvolvimento do sistema nervoso e existe o risco de dependência, principalmente com cafeína, portanto a Sociedade Brasileira de Cardiologia de Pediatria não recomenda o uso energético para menor que 18 anos. Para gestantes e quem amamenta também recomenda-se evitar porque a cafeína atravessa a placenta e pode afetar o bebê. Idosos preferimos não recomendar pois podem ter efeitos colaterais como tontura, arritmia, pressão alta ou queda da pressão.  É importante que as pessoas estejam cientes desses potenciais efeitos colaterais e considerem moderar o consumo de bebidas energéticas, especialmente se tiverem condições de saúde pré-existentes. Consultar um profissional de saúde é sempre uma boa prática se houver preocupações sobre o consumo.

– O que pode acontecer com o corpo de uma pessoa que consumo energético diariamente?

R: Não recomendamos tomar energético diariamente. Mas, em caso de consumo diário, pode ocorrer uma dependência da cafeína ou até abstinência. O consumo diário pode causar dor de cabeça, irritabilidade, cansaço, dificuldade de concentração, já que o seu organismo se acostuma cada vez mais e vai precisar de uma dose cada vez maior de energético para sentir o efeito. E isso pode sobrecarregar o coração porque terá um aumento da pressão arterial, batimentos cardíacos acelerados ou irregulares. Então, com isso, a pessoa vai forçar mais o coração podendo induzir arritmias graves ou até insuficiência cardíaca.

Na verdade, a bebida vai deixar o cérebro em estado de alerta o tempo todo e vai ter dificuldade para dormir e cansaço no dia seguinte, então vai tomar mais energético e acaba virando um ciclo vicioso. Além disso, como os energéticos têm muito açúcar, você pode ganhar peso, podendo levar ao risco de diabetes. Para o fígado, metabolizar a cafeína em excesso pode ter uma hepatopatia, ou seja, uma sobrecarga do fígado. Tomar energético pode parecer inofensivo, mas o uso crônico pode prejudicar sim. O ideal é, se for tomar, que seja com moderação e em situações específicas e não misturar com álcool.

– Energético pode ser benéfico?

R: Como cardiologista, não estimulo o consumo de energético. Claro que em algumas situações específicas, como por exemplo, você precisa fazer uma prova, precisa ficar um pouco mais acordado, ter uma melhor concentração, ou vai viajar de madrugada, até pode tomar um pouco. Ou em algumas situações como, por exemplo, para melhorar a sua disposição, a sua energia, diminuir um pouco a fadiga, o estresse. Em algumas situações melhora o estado mental, o desempenho físico, mas tem que usar com moderação, porque tem riscos também e acredito que os riscos superam os benefícios. Usar de vez em quando não tem problema, mas o uso em excesso pode causar dependência e em associação com o álcool, principalmente, ele fica mais maléfico do que benéfico.

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