Delirium em idosos: como identificar e tratar

17/01/2025
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Déficit de memória, desorientação ou distúrbios perceptivos. Atenção! Estes podem ser sinais de delirium, que se manifesta especialmente em idosos. Trata-se de uma síndrome neuropsiquiátrica aguda decorrente de uma patologia orgânica subjacente (ou velada). Entretanto, apesar de ser altamente prevalente e servir de alerta para um distúrbio em evolução, o delirium pode passar despercebido. O que é grave.

Por que o delirium merece atenção?

Um artigo específico publicado na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), garante que, apesar de ser potencialmente reversível, o delirium é indicativo de um pior prognóstico e está associado a maiores taxas de morbimortalidade e internações mais prolongadas. O transtorno ocorre entre 10 e 45% dos pacientes internados em hospitais gerais, sobretudo idosos, após procedimentos invasivos. Ainda ocorre em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), onde a prevalência chega a 81% na vigência de ventilação mecânica.

Quais são os principais sinais do delirium?

Conforme o conteúdo, o delirium é um distúrbio frequente em emergências e internações clínicas, apresentando-se tipicamente como:

– Pensamento incoerente;

– Desatenção;

– Desorientação.

O que pode provocar delirium?

De forma geral, qualquer situação que possa interferir no funcionamento do sistema nervoso central pode provocar delirium.

Em idosos, as causas mais comuns são:

– Infecções sistêmicas;

– Medicações;

– Desordens metabólicas;

– Acidentes Vasculares Encefálicos (AVEs).

Mas o delirium também pode ocorrer em jovens, tendo como principais motivos:

– O abuso de álcool e drogas;

– A abstinência alcoólica.

O que o delirium pode indicar?

Frequentemente, o delirium é a principal ou única manifestação de infecção nos idosos. As pneumonias e as infecções do trato urinário – tanto baixas, quanto altas – devem ser sempre consideradas nos quadros de alteração do estado mental nesta faixa etária.

Dentre os distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos (quando o indivíduo perde quantidade significativa de líquidos corporais e de eletrólitos), merecem especial atenção:

– A hiponatremia (condição de baixo nível de sódio no sangue);

– A desidratação;

– A hipoglicemia (quando os níveis de açúcar no sangue estão abaixo do normal);

– A uremia (elevação de ureia no sangue);

– A insuficiência hepática.

O que pode desencadear o delirium?

A introdução e a suspensão de medicações, como diuréticos, são responsáveis por até 40% dos casos de delirium. Qualquer fármaco pode desencadear um quadro confusional; destacam-se, contudo, as drogas com efeito anticolinérgico (que bloqueiam o efeito do neurotransmissor), como:

– Atropina;

– Anti-histamínicos;

– Antieméticos;

– Antipsicóticos;

– Antidepressivos (principalmente tricíclicos);

– E as substâncias dopaminérgicas, tais como os antiparkinsonianos, os sedativos/hipnóticos e os corticoesteroides.

Como tratar um paciente com delirium?

Ainda de acordo com o material publicado na BVS, o manejo do estado confusional baseia-se, principalmente, no tratamento da patologia de base; entretanto, medidas gerais estão indicadas em todo quadro de delirium, pois condições ambientais podem exacerbá-lo.

O tratamento farmacológico é um recurso para a recuperação do paciente?

Sim. Em determinadas ocasiões, o tratamento farmacológico do delirium também é preconizado. Todavia, sempre na menor dose possível e pelo mínimo tempo necessário. Os antipsicóticos são os fármacos de primeira linha, sendo o haloperidol a droga de escolha por possuir poucos efeitos sedativos, embora atualmente muitos antipsicóticos atípicos também estejam sendo usados.

De forma prática, é possível contribuir com a melhora do indivíduo com delirium?

Segundo o artigo, podem ajudar na melhora do paciente com delirium:

– Subsídios para a orientação do paciente, como calendários e janelas;

– Estímulo sensorial em nível adequado, como luz discreta acesa no quarto à noite;

– A presença de poucos familiares junto ao indivíduo;

– Evitar mudanças no ambiente;

– Restabelecer a nutrição e a hidratação do paciente.

O que diz a Biblioteca Nacional de Medicina sobre o delirium?

Conforme outra publicação sobre o tema, que integra a “National Library of Medicine” (ou Biblioteca Nacional de Medicina), o delirium é definido pelos critérios da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) como uma mudança aguda na atenção e na consciência, que se desenvolve em um intervalo de tempo relativamente curto. O delirium também pode ser denominado como “estado confusional agudo”, “encefalopatia tóxica ou metabólica” ou “insuficiência cerebral aguda”.

O que mais deve ser levado em consideração em relação ao tratamento do delirium?

Segundo o material, além de tratar o problema fisiológico subjacente, outras intervenções devem ser consideradas para o manejo do paciente com delirium, tais como:

– A correção de possíveis distúrbios eletrolíticos;

– A remoção de agentes farmacológicos desencadeantes;

– A manutenção de ciclos adequados de sono/vigília;

– O controle da dor;

– A abordagem de deficiências sensoriais (como audição e visão);

– O incentivo a visitas familiares e reorientação frequente;

– A mobilização precoce (para que o indivíduo permaneça menos tempo na UTI, por exemplo).

Como memorizar as boas práticas relacionadas à avaliação e prevenção do delirium?

Para que seja possível memorizar essas boas práticas foi criado um esquema que utiliza as letras iniciais do alfabeto, para avaliar e prevenir o delirium:

A = Avaliar, prevenir e controlar a dor;

B = Testes de respiração espontânea e de despertar espontâneo;

C = Escolha de sedação e analgesia;

D = Delirium: avaliar, prevenir e gerenciar;

E = Mobilidade precoce e exercício;

F = Engajamento e empoderamento da família.

O que deve ser incorporado à rotina das emergências para identificar rapidamente o delirium?

De acordo com outro estudo, publicado no Jornal Brasileiro de Psiquiatria e disponível na Scielo Brasil, a identificação desse transtorno é fundamental na rotina de emergência dos hospitais, onde são atendidos pacientes com múltiplas doenças crônicas, pois o delirium é comumente subdiagnosticado, levando a um aumento nas taxas de morbimortalidade.

Por fim, o reconhecimento do distúrbio, um ato puramente clínico, baseado na observação do paciente e na valorização dos dados fornecidos pela família, deve ser realizado sistematicamente em pacientes nesse contexto, de modo a aumentar o diagnóstico de um quadro mórbido com importantes implicações prognósticas.

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