Aparelhos de pressão: quais são os tipos de esfigmomanômetro?

01/10/2024
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Os esfigmomanômetros são popularmente conhecidos como aparelhos de pressão. Mas, antes de entrar no tema específico, convém entender a origem desta palavra tão incomum e compreender o uso deste equipamento.

Esfigmomanômetro: o que significa a palavra? E qual é a utilidade do aparelho?

O vocábulo vem do grego, onde “Sphygmós” representa pulso, “manós” simboliza esparso e “metron”, medida. Portanto, esfigmomanômetro significa, literalmente, “medidor do pulso”, pois o aparelho mede a pressão exercida pelo sangue nas artérias durante os batimentos cardíacos. Entretanto, apesar do nome complicado, o equipamento está sempre presente nos atendimentos de saúde, especialmente de emergência, ambulatoriais e hospitalares, sendo fundamental utilizá-lo para medir a pressão do paciente para começar a compreender o motivo do seu mal-estar e seu quadro geral.

O que é o esfigmomanômetro? 

O esfigmomanômetro consiste em um manguito de borracha inflável, que é enrolado na parte superior do braço e conectado a um aparelho que registra a pressão, geralmente em termos da altura de uma coluna de mercúrio ou em um mostrador (um manômetro aneróide). 

Como é feita a leitura da pressão arterial?

Uma leitura da pressão arterial consiste em dois números, que normalmente podem ser registrados como “x/y”. O “x” é a pressão sistólica e “y” é a pressão diastólica. A sístole refere-se à contração dos ventrículos, quando o sangue é forçado do coração para a circulação arterial pulmonar e sistêmica, e a diástole refere-se ao período de repouso, quando os ventrículos se expandem e recebem outro suprimento de sangue dos átrios. A cada batimento cardíaco, a pressão arterial é elevada ao nível sistólico e, entre os batimentos, cai para o nível diastólico. 

À medida que o manguito é inflado com ar, um estetoscópio é colocado contra a pele na dobra do braço. Quando o ar é liberado, o primeiro som ouvido marca a pressão sistólica; posteriormente, o esvaziamento continua e um barulho de gotejamento é ouvido. Isso marca a pressão diastólica, que depende da elasticidade das artérias. Neste método, o esfigmomanômetro usado para medir a pressão pode ser de mercúrio, aneróide ou eletrônico com display digital. 

Quais são os tipos de esfigmomanômetros existentes?

Basicamente, existem três tipos de esfigmomanômetros, mas apenas dois são recomendados:

– Os esfigmomanômetros de mercúrio têm um futuro limitado devido a preocupações com a toxicidade deste metal líquido. No país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso de mercúrio em produtos e exige o descarte de termômetros e medidores de pressão utilizados nos serviços de saúde, desde 2018. A proibição é resultado da Convenção de Minamata, assinada em 2013 pelo Brasil e mais 127 países, com o objetivo eliminar o uso de mercúrio.

– Os dispositivos aneróides são baratos e portáteis, mas o sistema de fole e alavanca usado para medir a pressão está sujeito a solavancos, que podem levar a leituras falsas. Além disso, requerem calibração regular e devem ser verificados em relação a um esfigmomanômetro de mercúrio a cada 6 meses. Já os dispositivos híbridos usam um manômetro eletrônico e display.

– Uma alternativa ao método auscultatório são os esfigmomanômetros automatizados (oscilométricos), que são muito simples e fáceis de usar. Eles detectam a variação nas oscilações de pressão causadas pelo movimento da parede arterial sob o manguito para medir a pressão arterial sistólica, diastólica e média. Os dispositivos automatizados foram projetados para automedição e são cada vez mais utilizados na prática clínica. Para utilizá-lo, a pessoa coloca o instrumento (geralmente no pulso), pressiona um botão e vê o resultado da pressão arterial na tela. Esse tipo de medidor não requer treinamento (desde que as instruções do manual sejam seguidas) sendo, por esta razão, o mais utilizado pelos próprios pacientes em suas casas.

O que deve ser levado em consideração em relação aos esfigmomanômetros automatizados? 

Duas revisões sistemáticas recentes mostraram que os dispositivos automatizados têm variabilidade individual, mas geralmente são menos precisos do que os dispositivos auscultatórios, mesmo quando passam por protocolos especificados. Esses dispositivos não devem ser usados em pacientes com arritmia, hipertensão ou trauma. Como os dispositivos podem ter baixa confiabilidade, várias leituras devem ser usadas e calculadas na média ao tomar decisões clínicas. 

Então, embora o leigo e mesmo muitos profissionais acreditem que os manômetros “eletrônicos” sejam mais precisos, isso não ocorre devido à dificuldade de manutenção, já que a parte eletrônica é muito sensível e sofre influências diversas do meio ambiente e do manuseio do instrumento. Tal imprecisão é continuamente constatada pelos profissionais da área de saúde e pesquisadores, resultando em afirmação clara desta imprecisão por órgão oficiais (como American Heart Association e American Society of Hypertension), a despeito de serem denominados de “aparelhos de alta precisão”.

E quem pode utilizar o esfigmomanômetro não automático?

O esfigmomanômetro não automático é um medidor utilizado junto com um equipamento chamado estetoscópio. Ele só pode ser operado após um treinamento específico e, por isso, geralmente é utilizado apenas por profissionais da saúde (como médicos ou enfermeiros). Aliás, segundo o Conselho Internacional de Enfermeiras, a mensuração da pressão arterial é o procedimento mais realizado por enfermeiras de todas as partes do mundo, em situações de assistência primária, secundária ou terciária, nos domicílios, hospitais, unidades sanitárias, UTIs, recuperações anestésicas e cirúrgicas.

Como escolher um esfigmomanômetro?

Há uma grande variedade de modelos de esfigmomanômetros disponíveis no mercado. Por isso, o Ministério da Saúde observa que é importante saber como escolher o modelo mais adequado para o seu uso. Os esfigmomanômetros podem ser instalados no braço, no punho ou na coxa. Eles podem funcionar com pilhas, bateria ou conectados à tomada. Alguns têm ainda memória interna para armazenar as medições e outros conseguem enviá-las para algum aplicativo via internet.  

Independente das características, é importante checar se o esfigmomanômetro possui a Marca de Aprovação de Modelo do Inmetro. A Marca apresenta o símbolo do Inmetro, as letras “ML” e alguns números. O espaço marcado com “HH” refere-se ao número da Portaria de Aprovação de Modelo e o restante à data em que ela foi publicada. Com essas informações, é possível entrar no site e acessar a Portaria de Aprovação de Modelo para confirmar se determinado esfigmomanômetro realmente foi avaliado pelo Inmetro. Nesse site também é possível ver todos os modelos aprovados.

Como usar o esfigmomanômetro em casa?

Conforme o Guia de Orientações Básicas para Uso de Esfigmomanômetros para Realizar Medições de Pressão Arterial, do Ministério da Saúde, é importante:

  1. Ler o manual de instrução por completo. Caso tenha dúvidas, entre em contato com o fabricante; 
  2. Observar a faixa de circunferência inscrita na braçadeira para confirmar se ela é adequada ao tamanho do seu braço, punho ou coxa; 
  3. Nas braçadeiras aplicadas ao braço ou coxa há ainda a faixa de alcance. Repare se ao fechá-la em torno do braço ou coxa a seta “índice” está dentro dessa faixa de alcance. Caso isso não aconteça, significa que a braçadeira não é adequada para o seu uso;
  4. Antes de realizar a medição, fique em repouso pelo tempo mencionado no manual de instrução; 
  5. Não converse ou se movimente durante a medição; 
  6. Caso necessite trocar a braçadeira por causa do tamanho ou porque está desgastada, é preciso adquirir uma braçadeira que seja aprovada para uso com o medidor que você tem; 
  7. Uma vez por ano, o esfigmomanômetro deve passar pela Verificação Periódica para confirmar que ele continua medindo adequadamente. Isso é feito somente pelos órgãos da Rede Brasileira de Metrologia e Qualidade do Inmetro (RBMLQ-I). A lista com endereço e contato de cada órgão está disponível no site
  8. Se o esfigmomanômetro for danificado, entre em contato com o fabricante para assistência técnica. Após o conserto, entre em contato com os órgãos da RBMLQ-I para realizar a Verificação após Reparo;
  9. Os medidores de pressão arterial utilizados por hospitais, prontos-socorros, clínicas, consultórios e farmácias também devem ter a Marca de Aprovação de Modelo e a Marca de Verificação Inicial ou Verificação Periódica. Caso você perceba que eles não possuem essas marcas, entre em contato com os órgãos da RBMLQ-I ou pelo site
  10. Vale destacar a diferença entre Calibração e Verificação. A Verificação é uma atividade compulsória que tem o objetivo de confirmar que o esfigmomanômetro satisfaz às exigências da Portaria Inmetro nº 046/2016. Já a Calibração não está entre as atividades previstas na Portaria Inmetro nº 046/2016 e, portanto, não tem valor legal.

E como medir a pressão arterial de um paciente?

Os Conceitos e Diretrizes do Departamento de Hipertensão Arterial, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ensinam que a medida da pressão arterial deve ser realizada na posição sentada e seguir o seguinte procedimento:

1) Explicar o procedimento ao paciente.

2) Certificar-se de que ele NÃO:

Esteja com a bexiga cheia;

– Tenha praticado exercícios físicos;

– Tenha ingerido bebidas alcoólicas, café, alimentos ou fumado até 30 minutos antes da medida.

3) Deixar o paciente descansar por 5 a 10 minutos em ambiente calmo, com temperatura agradável.

4) Localizar a artéria braquial por palpação.

5) Colocar o manguito firmemente cerca de 2 cm a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a 40% da circunferência do braço e seu comprimento, envolver pelo menos 80% do braço. Assim, a largura do manguito a ser utilizado estará na dependência da circunferência do braço do paciente.

6) Manter o braço do paciente na altura do coração.

7) Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mostrador do manômetro aneróide.

8) Palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, para a estimativa do nível da pressão sistólica, desinflar rapidamente e aguardar de 15 a 30 segundos antes de inflar novamente.

9) Colocar o estetoscópio nos ouvidos, com a curvatura voltada para a frente.

10) Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial, na fossa antecubital, evitando compressão excessiva.

11) Solicitar ao paciente que não fale durante o procedimento de medição.

12) Inflar rapidamente, de 10 mmHg em 10 mmHg, até o nível estimado da pressão arterial.

13) Proceder à deflação, com velocidade constante inicial de 2 mmHg a 4 mmHg por segundo, evitando congestão venosa e desconforto para o paciente.

14) Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de Korotkoff), que se intensifica com o aumento da velocidade de deflação.

15) Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff), exceto em condições especiais. Auscultar cerca de 20 mmHg a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. Quando os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff).

16) Registrar os valores das pressões sistólica e diastólica, complementando com a posição do paciente, o tamanho do manguito e o braço em que foi feita a mensuração. Deverá ser registrado sempre o valor da pressão obtido na escala do manômetro, que varia de 2 mmHg em 2 mmHg, evitando-se arredondamentos e valores de pressão terminados em “5”.

17) Esperar de 1 a 2 minutos antes de realizar novas medidas.

18 ) Informar o paciente sobre os valores da pressão arterial e a possível necessidade de acompanhamento.

Qual é a importância de medir a pressão arterial?

O Ministério da Saúde (MS) ressalta que, dentro da medicina, a pressão arterial é uma grandeza muito importante para monitorar a saúde dos pacientes. Quando uma pessoa tem pressão constantemente acima de 140/90 mmHg, diz-se que ela tem uma doença chamada hipertensão. 

O que é a hipertensão?

Conforme o MS, a hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica, caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Se não for corretamente tratada, diversos órgãos do corpo humano podem ser danificados (como cérebro, rins e, principalmente, o coração), podendo ocasionar acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial, além de insuficiência renal e cardíaca. Por isso, é muito importante que as pessoas monitorem a sua pressão arterial periodicamente.

O que acontece no organismo de quem tem hipertensão?

De acordo com o Ministério da Saúde, a hipertensão arterial faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo. O problema é herdado dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, como os hábitos de vida do indivíduo. Conforme o MS, 388 pessoas morrem por dia em decorrência da hipertensão no Brasil.

Quais são as estatísticas da hipertensão no Brasil?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco modificáveis ​​para morbidade e mortalidade no mundo. Segundo o relatório “Estatística Cardiovascular”, da SBC, aproximadamente 24% da população brasileira é hipertensa. A prevalência entre as mulheres supera a registrada entre os homens, com 26,45% e 21,06%, respectivamente.

Ainda conforme a entidade médica, a maior (61%) prevalência de hipertensão no país foi observada em indivíduos com idade a partir de 65 anos. Por outro lado, estima-se que cerca de 10% da população composta por crianças e adolescentes já convive com a doença. 

O que deve ser levado em conta para um diagnóstico preciso da hipertensão? 

A Sociedade Brasileira de Cardiologia reforça que não se deve considerar apenas os resultados das medidas realizadas em consulta para obtenção de um diagnóstico definitivo. Esta afirmação está na publicação “Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório”, documento elaborado por 67 profissionais que estão entre os principais especialistas do país.

Para a SBC, a utilização de técnicas e equipamentos como Medição Ambulatorial de Pressão Arterial (MAPA) e Medição Residencial de Pressão Arterial (MRPA), Automedida de Pressão Arterial (AMPA) e Avaliação da Pressão Arterial Central auxiliam na elaboração de um diagnóstico mais complexo e assertivo, detectando variações comuns como hipertensão do avental branco (HAB), hipertensão mascarada (HM), alterações de pressão arterial no sono e hipertensão arterial resistente (HAR), condições não restritas com acompanhamento restrito aos consultórios.

Conclusão

O uso do esfigmomanômetro é crucial para medir a pressão arterial, seja de si próprio ou de um paciente. Existem três tipos de esfigmomanômetro, que podem ser de mercúrio, aneróide ou eletrônico. Sendo que a Anvisa proibiu a utilização de aparelhos que utilizam o mercúrio desde 2018. Já os equipamentos digitais são de fácil manuseio e não exigem nenhum treinamento, entretanto, podem não ser tão precisos, pela falta de manutenção e o uso do instrumento. 

Como lembra o Ministério da Saúde, há uma grande variedade de modelos de esfigmomanômetros disponíveis no mercado. Todavia, é necessário escolher o tipo mais adequado para o seu uso. Além disso, é preciso saber como fazer a medição, seja em si mesmo ou em um paciente. Existem dicas de como proceder, passo a passo, conforme listado acima.

Além disso, é importante saber que a medição da pressão arterial é primordial para monitorar a saúde dos pacientes. Entre as doenças que podem ser acompanhadas está a hipertensão, que hoje mata mais de 388 pessoas em decorrência da hipertensão no Brasil.

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