10 dicas para equilibrar vida pessoal e carreira médica

31/10/2024
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O Conselho Federal de Medicina lançou, em 2007, o livro  “ A Saúde dos Médicos no Brasil”. A obra analisa a carreira médica e o “ser” médico e dedica um capítulo inteiro ao seu bem-estar e saúde mental. Entre os destaques, o estresse como processo de adoecimento e o Burnout como síndrome que acomete os médicos.

Quase 20 anos depois, o cenário é o mesmo no Brasil. Quem trabalha na área sabe o quanto é difícil equilibrar a vida pessoal com a carreira médica. No entanto, com algumas estratégias e orientações práticas, é possível manter uma vida equilibrada, saudável e feliz. Para contribuir com este objetivo, reunimos dicas sobre qualidade de vida de diferentes personalidades e organizações mundiais.

1) Opte pelo equilíbrio

Este recado vem de um dos médicos brasileiros mais reconhecidos no país, o Dr. Antônio Drauzio Varella. Em entrevista para a revista Galileu, ele defende que ninguém deve viver preocupado com a saúde. Segundo a matéria, na visão do Dr. Drauzio Varella, o segredo para uma vida saudável é buscar o equilíbrio. “Se comeu muito durante o dia, não coma uma pizza à noite. Se não conseguir dormir as oito horas, busque uma maneira de não se desgastar ao longo do dia”, aconselha. E, evidentemente, esse equilíbrio deve ser sempre buscado, não apenas em relação à alimentação. A recomendação serve para tudo.

2) Cuide de sua saúde mental

O médico psiquiatra e um dos fundadores do projeto Angatu da Inspirali, Dr. Luiz Dieckmann observa que este tema é recorrente em consultórios de psiquiatras ou psicólogos. “É o que mais acomete a gente como profissional, seja de um lado da mesa ou de outro”, comentou em podcast da Inspirali sobre o assunto. Ainda durante o curso de medicina, ele vivenciou mais de um ano de crises de ansiedade, sem encontrar um diagnóstico médico específico. E o pior, se sentia mal por não estar dando conta das cobranças que envolvem a medicina e de não poder sustentar o rótulo de “herói” ou “salvador de vidas”, que cerca e pressiona os médicos, desde que ingressam no curso.

3) Busque recursos em prol do seu bem-estar

Conforme pesquisa divulgada pela “Association of American Medical Colleges” (AAMC ou Associação de Faculdades Médicas Americanas), a porcentagem de médicos que relatam que se sentem esgotados saltou de 38% em 2020 para 63% em 2021. A “AAMCNews” compilou uma lista com cinco recursos que podem ajudar médicos e estudantes de medicina a dar um pequeno passo em sua jornada para melhorar seu bem-estar. Nela, são oferecidas sugestões de livros, podcasts e até um aplicativo projetado para tornar a atenção plena e a meditação uma prática diária. Conforme a AAMC, um levantamento demonstrou que os profissionais médicos relataram uma redução nos sintomas de Burnout após quatro sessões de meditação ou atenção plena e menor estresse geral após usar o aplicativo por 30 dias.

4) Preste atenção na sua respiração

Permita-se sair do seu consultório ou do hospital/clínica em que trabalha e dar uma volta em uma praça ou parque. Respire fundo. E preste atenção nisso. Sem pressa. Conforme a reportagem da National Geographic Brasil, a respiração consciente consiste em tirar o ato de respirar do automático e observar a sensação física envolvida no processo de inspirar e expirar. A explicação vem de um artigo da Escola de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard, nos Estados Unidos.

Já o “Greater Good Science Center” (GGSC ou Centro de Ciências do Bem Maior), também ouvido na matéria, explica que praticar a respiração consciente pode ajudar a lidar com o estresse, a ansiedade e as emoções negativas, acalmar-se quando o temperamento explode e aprimorar as habilidades de concentração. O “Greater Good Science Center” estuda a psicologia, a sociologia e a neurociência do bem-estar e ensina habilidades que promovem uma sociedade próspera, resiliente e compassiva.

5) Tenha compaixão

O “Greater Good Science Center” também divulgou um estudo direcionado especialmente a profissionais da saúde. O conteúdo sugere que os médicos tenham mais compaixão e empatia com seus pacientes. Segundo o levantamento, quando ambos são bloqueados surge o sofrimento. Ainda conforme a matéria, ensinar compaixão desde “cedo”, ainda na faculdade de medicina, seria um antídoto poderoso, porque permitiria que os médicos mantivessem seus corações abertos sem ficarem sobrecarregados. De acordo com o material, na tradição budista, as emoções compassivas surgem naturalmente quando você entende o significado do sofrimento e nossa conexão com todos os seres humanos.

6) Mexa-se

Para o Ministério da Saúde (MS), realizar alguma atividade física é melhor do que não fazer nada. E um pouquinho por dia já proporciona benefícios físicos e mentais. A própria Organização Mundial da Saúde defende essa mesma ideia, garantindo: “Todo movimento conta”. Pensando assim, o MS publicou o “Guia de Atividade Física para a População Brasileira”, em 2021, que aborda a promoção de atividade física em diversos contextos. O material explica que é possível ter uma vida fisicamente ativa em diferentes idades e momentos, até mesmo ao se deslocar até algum lugar ou durante a jornada de trabalho. Com essa leitura simples é possível desenvolver novos hábitos e ainda plantar uma sementinha, difundindo esse conhecimento para pacientes, colegas, amigos e familiares.

7) Durma bem

A Sociedade Mundial do Sono (WSS) argumenta que dormir bem influencia no aspecto físico, mental e social do ser humano. Aliás, a qualidade do sono pode, inclusive, contribuir para a obtenção de uma vida mais longeva. Em contrapartida, dormir mal pode causar doenças graves, como o diabete mellitus tipo 2, a obesidade e até o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Atualmente, cerca de 72% dos brasileiros sofrem de enfermidades relacionadas ao sono, como a insônia. Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS) e a Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS), este é um transtorno comum na população nacional e mundial. Na live “É possível prevenir a saúde mental?”, o Dr. Wulf Rossler explica a ligação do tema com o sono e oferece insights para profissionais da área.

8) Gerencie o seu tempo

A psicóloga Sandra Evangelista, em outro podcast da Inspirali, falou da importância de gerenciar o tempo. Na ocasião, a fala era voltada aos alunos de medicina, mas as mesmas recomendações podem ser facilmente seguidas por médicos já formados e até por profissionais de diferentes áreas. “É preciso estabelecer prioridades e reservar um momento para o autocuidado, para as atividades de lazer e para estar com as pessoas, uma vez que as relações são fatores de proteção imprescindíveis para a qualidade de vida, bem-estar e saúde, no geral”, considera.

A psicóloga sugere que o indivíduo faça uma lista diária de tarefas, priorizando o que é importante e o que poderá ser feito naquele dia (ou nem será realizado). Também é necessário destinar um tempo para as atividades prazerosas e de lazer ou até para não se fazer absolutamente nada. Segundo ela, isso é tão importante quanto dar conta das exigências cotidianas e ajuda a atenuar o estresse diário.

9) Mantenha-se atualizado e inspirado

O Dr. Egidio Lima Dorea, que também participou de um podcast da instituição, falou sobre a importância da educação continuada, da necessidade de ser um profissional curioso e de nunca esquecer o que lhe inspirou a ser médico. “Sempre faço essa pergunta em sala de aula, pois é muito fácil perder essa motivação em função das várias atividades, plantões e demais trabalhos do dia a dia. Mas é sempre bom revisitar essa inspiração”, garante.

O especialista, que promove projetos voltados ao público com mais de 60 anos e conseguiu implantar em São Paulo (SP) mais de mil praças destinadas à prevenção de quedas, também falou da necessidade de cuidar do bem-estar geral do paciente. “É preciso pensar no indivíduo de forma integral, incluindo aspectos físicos, mentais e espirituais. Ele não é a doença, está doente”, pondera.

10) Ouça os mais experientes

Um artigo publicado no “The American College of Obstetricians and Gynecologists” (ACOG ou Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas) traz inúmeros ensinamentos para novos médicos. No texto, profissionais mais experientes compartilham seus conselhos para o sucesso. Entre eles, é enfatizada a necessidade do indivíduo poder contar com um colega para lhe atender.

“Os médicos tendem a se tratar com muita frequência. Precisamos de uma pessoa imparcial para captar coisas que não estamos procurando por nós mesmos. Se algo parecer um pouco ‘estranho’, faça um check-out. Você também deve reservar um tempo para dormir adequadamente. O sono melhora a memória, o humor e a função sexual, reduz a irritabilidade e muito mais. Deve ser uma grande prioridade para todos, incluindo médicos”, disse Dr. Thomas Jeneby, MD e cirurgião plástico certificado.

Outro depoimento fala da importância de não se culpar tanto. “Quando eu era um jovem médico, gostaria de saber que não havia problema em cometer erros. Embora tentemos o nosso melhor, às vezes as coisas não saem do jeito que planejamos. Eu gostaria de ter sido melhor em não ser tão duro comigo mesmo. Contanto que você esteja trabalhando duro para oferecer o melhor atendimento aos seus pacientes, você pode se orgulhar de seus esforços. Nesse sentido, nem todo paciente que você vê vai te amar. Não se culpe; faça o seu melhor porque é o melhor que você pode fazer”, aconselha Dr. Jeremy Green, MD e dermatologista.

A necessidade do autocuidado também foi ressaltada. “A combinação de anos gastos em nosso treinamento médico não nos prepara para como cuidaremos de nós mesmos. Meu conselho para meus futuros colegas é desenvolver um ritual de autocuidado que o ajude a controlar o estresse, pois o estresse é inevitável nesta carreira. Não existe um remédio simples para o autocuidado, mas sim uma abordagem de corpo inteiro que inclui nutrição, exercícios físicos, bem-estar mental, sono e redução do estresse baseada na atenção plena. Em última análise, é responsabilidade do médico individual nutrir sua resiliência pessoal que contribuirá para seu bem-estar e evitará o esgotamento”, resumiu a Dra. Monisha Bhanote, MD, médica certificada pelo conselho triplo no Baptist MD Anderson Cancer Center e professora de Medicina de Yoga.

Além destas preciosas recomendações, no artigo completo do ACOG é possível encontrar outras várias sugestões de médicos mais experientes, que, com muita franqueza e simplicidade, falaram sobre suas vivências e trouxeram lições que aprenderam ao longo de suas trajetórias profissionais. Sem dúvida, não há nenhuma receita certa, mas a troca de conhecimento e experiências, sempre é uma boa oportunidade para compreender como superar os desafios da profissão e serve de norteador para a consolidação de uma carreira próspera, saudável e feliz.

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