Aplicação e vantagens do CBD nos esportes: veja o que dizem os especialistas

14/09/2021
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Entenda por que o canabidiol tem trazido tantas vantagens aos esportes de alta performance!

A medicina dos esportes lida frequentemente com fraturas, contusões e longos períodos de reabilitação. Nesse cenário, cientistas da área procuram, cada vez mais, alternativas que possam aumentar a eficácia da terapia e reduzir seus efeitos colaterais. E o CBD (canabidiol) pode ser uma saída.

O canabidiol é uma substância extraída da planta cannabis, que age no sistema nervoso central e já tem potencial comprovado no tratamento de algumas doenças.

Ao contrário do que se imagina, o CBD não tem efeito psicotrópico ou euforizante, próprio do uso recreativo da cannabis. Isso ocorre porque é retirado da sua composição o THC, responsável pelas ações alucinógenas presentes nos cigarros feitos da planta.

Para nos ajudar a compreender qual a importância do uso do CBD para os esportes, contamos com a colaboração de Wellington Briques, médico formado pela USP com especialidade em Medicina Farmacêutica e Medicina Chinesa. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!

Quais são as indicações do uso do CBD nos esportes de alto rendimento?

O CBD tem se mostrado um possível aliado dos atletas de esportes de alta performance. Cabe ressaltar, no entanto, que o canabidiol liberado para o uso dos atletas é o do tipo isolado — ou seja, livre de THC. Este ainda pode ser detectado nos exames toxicológicos de rotina, solicitados para atletas.

É consenso que os esportes de alto rendimento estão relacionados a uma frequência maior de complicações, incluindo fraturas por estresse, distensões musculares e luxações. Em grande parte dos casos, essas patologias têm um componente inflamatório importante, que contribui tanto para o prolongamento do tratamento quanto para a dor.

Essa é uma etapa fundamental da ação do CBD: “já sabemos que ele tem ação anti-inflamatória e analgésica, contribuindo tanto no tratamento da causa quanto dos sintomas”, explica Briques. A seguir, separamos alguns dos principais efeitos do canabidiol nos esportes. Confira.

Neuroprotetor

Ainda que o efeito neuroprotetor do CBD esteja em fase de estudos, “há indícios promissores que ele possa agir tanto no tratamento quanto na prevenção: no tratamento de lesões, ele pode auxiliar na neuroplasticidade e na regeneração de neurônios possivelmente lesados durante o esporte”, comenta o especialista.

Seu efeito preventivo poderia ser aplicado, segundo Wellington, em esportes de impacto — como o rugby ou o basquete, por exemplo. Neles, podem ocorrer lesões do tipo aceleração-desaceleração, que rompem neurônios e causam o extravasamento de neurotransmissores. Há indícios, no momento, de que o CBD possa proteger contra esse tipo de lesão.

Anti-inflamatório

Como mencionamos, em muitas patologias da medicina esportiva há um componente inflamatório. Embora a inflamação seja importante na cicatrização, em excesso ela prolonga o tratamento e pode causar disfunção tecidual. Por esse motivo, o efeito anti-inflamatório do CBD pode auxiliar no tratamento de atletas.

Ansiolítico

É inegável que ambientes altamente competitivos, como nos esportes de alto rendimento, podem gerar ansiedade. Embora ela possa ser boa, caso exagerada, pode levar à imprudência dos atletas e aumentar o risco de fraturas. Nesse sentido, o efeito ansiolítico do CBD também pode ajudar.

Questões de insônia

A ansiedade pré-competição, os treinos noturnos e o uso de cafeína podem levar à falta de sono. Para os atletas, o sono pode ser o único momento em que seus corpos se recuperam: os músculos precisam de descanso para se recuperar e, consequentemente, aumentar o desempenho atlético.

“O CBD na dose certa pode auxiliar na manutenção de um sono adequado. Como a substância ajuda a reduzir os sintomas contribuintes de insônia (como as dores e a ansiedade), ela pode atuar na indução do sono de forma mais natural — reduzindo o uso de drogas mais potentes e com pior perfil de efeitos colaterais”, relata Wellington Briques.

Recuperação de danos intestinais induzidos por exercício

Durante exercícios de alto rendimento, o sangue é desviado para os tecidos que mais o requerem no momento — ou seja, para o sistema musculoesquelético. Após a atividade, a distribuição sanguínea retorna aos níveis basais, o que, não raramente, gera sintomas gastrointestinais. Estes são outros que podem ser amenizados com o uso do canabidiol.

E quanto às vantagens do CBD?

O corpo humano também tem a função de produzir certos canabinoides, que se conectam aos receptores CB1 e CB2. Os canabidioides (inclusive o CBD), quando ligados a esses receptores humanos, produzem efeitos específicos, relacionados principalmente aos sintomas que mencionamos acima.

O destaque do CBD está em seu perfil de efeitos colaterais: “seu uso pode reduzir a necessidade de opioides ou benzodiazepínicos durante um tratamento prolongado. O fato de ele interagir com receptores diferentes dos habituais dá aos médicos uma alternativa a mais para o tratamento adjuvante na medicina esportiva”, diz Briques.

Existem desafios para a dosagem do CBD?

As doses de qualquer medicamento variam de acordo com o peso ou idade das pessoas, incluindo o CBD. Até hoje ele não tem uma dosagem fixa, dado que o sistema endocanabinoide varia de pessoa para pessoa. Por isso, é importante que os médicos conheçam o canabinoide e façam uma dosagem de forma correta para cada paciente.

Existem contraindicações do CBD nos esportes?

Como qualquer medicamento, o canabidiol também apresenta suas contraindicações. Atualmente, o CBD é contraindicado para grávidas, lactantes e mulheres que queiram engravidar.

Existem estudos indicando que possa haver lesões hepáticas em pacientes com diagnóstico prévio de cirrose, hepatite e outras hepatopatias. Nesses pacientes, o CBD pode aumentar os níveis plasmáticos de enzimas hepáticas, embora ainda não se saiba ao certo o mecanismo. É necessário acompanhar de perto o perfil hepático, especialmente em pacientes com comorbidades.

Quais são as necessidades de estudar a área?

Como ainda não existem estudos que comprovem a eficácia do tratamento, é importante continuar com as pesquisas. Para incluir a cannabis medicinal em sua prática clínica, a comunidade médica precisa de educação de alto nível sobre o assunto.

A falta de informação sobre o tratamento faz com que as pessoas criem tabus, relacionando a substância ao uso recreativo da cannabis. Por isso, precisamos de estudos clínicos sérios e publicações de alto nível em revistas de grande impacto para tirarmos conclusões proveitosas.

O uso do CBD para tratar da saúde dos atletas já é uma realidade. Por isso, é importante que se estude a cannabis medicinal como uma área de atuação para os profissionais médicos de uma forma geral.

Se você quer se aprofundar mais no assunto, conheça nossos cursos e se capacite para atuar na área da cannabis medicinal.

Colaborou para este texto:

Dr. Wellington Briques, médico formado pela USP Ribeirão Preto, pesquisador, com especialidade em Medicina Farmacêutica pela UNIFESP e Medicina Chinesa pela USP, além de MBA pela FGV e título de Global Fellow in Drug Development (GFMD) da IFAPP (International Federation of Pharmaceutical Medicine). Além disso, é professor na Cannabis Academy e atende pacientes em São Paulo e por telemedicina.

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