Adiar a ida ao banheiro pode parecer inofensivo, mas é um hábito comum que pode trazer sérias consequências para a saúde. Seja por falta de tempo, acesso a banheiros ou simplesmente por costume, muitas pessoas acabam segurando a urina por longos períodos, e isso representa um risco real para o funcionamento do trato urinário.
A professora Rogéria Medeiros, nefrologista e docente de Medicina da Universidade Potiguar (UnP), cujo curso é parte integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país, faz um alerta importante sobre os perigos dessa prática.
“Segurar a urina por muito tempo favorece a proliferação de bactérias na bexiga e pode desencadear infecções urinárias de repetição. Em casos mais graves, pode até comprometer o funcionamento dos rins”, explica a professora.
Além das infecções, o hábito também pode provocar desconforto, dor abdominal, sensação de peso na pelve e aumento da pressão na bexiga, um fator de risco para pessoas que já apresentam quadros de incontinência urinária ou bexiga hiperativa.
O acúmulo de urina na bexiga também pode ativar o sistema nervoso simpático, responsável por respostas de alerta no organismo, o que pode levar ao aumento da pressão arterial. “Esse estímulo pode gerar um estado de tensão no corpo, elevando os níveis de pressão e sobrecarregando ainda mais os rins, principalmente em quem já tem predisposição à hipertensão”, alerta Rogéria.
Segundo Rogéria, o ideal é esvaziar a bexiga a cada três ou quatro horas, mesmo que não haja uma sensação intensa de vontade. “A bexiga é um órgão elástico, mas ela tem limites. Quando constantemente forçada a reter mais urina do que deveria, pode acabar perdendo parte da sua capacidade de contração, o que afeta diretamente o controle urinário”, afirma.
Outro problema que pode estar associado ao hábito de prender o xixi com frequência é o prolapso da bexiga, também conhecido como cistocele. “Quando a bexiga é constantemente forçada e submetida à pressão excessiva, há um enfraquecimento da musculatura pélvica, o que pode levar ao deslocamento da bexiga em direção à vagina”, explica Rogéria. Esse quadro é mais comum em mulheres pós-menopausa, quando a fragilidade da musculatura pélvica se torna mais evidente. Os sintomas incluem sensação de peso na pelve, dificuldade para urinar, escapes de urina e, em casos mais avançados, pode exigir intervenção cirúrgica.
A especialista reforça que, além de urinar com frequência adequada, é essencial manter uma boa hidratação e observar possíveis alterações na cor ou no odor da urina. “Urina muito escura ou com cheiro forte pode indicar que algo não vai bem. O corpo dá sinais, e precisamos respeitá-los”, orienta a professora da UnP/Inspirali.