Especialista da Inspirali orienta manter conversa aberta sobre o tema
As estatísticas são chocantes. Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, lançado em 2024, jovens são um dos destaques entre os grupos analisados sobre suicídio e lesões, sendo a terceira causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos no Brasil. Nos Estados Unidos, dados comprovam que um a cada cinco estudantes secundários já pensou em suicídio – segunda principal causa de morte entre crianças, adolescentes e jovens entre 15e 24 anos de idade.
Para o Dr. Evaldo Stanislau, médico infectologista e professor da Inspirali, ecossistema que atua na gestão de 15 escolas médicas em diversas regiões do Brasil, o risco é particularmente elevado entre os jovens LGBTQ+, entre os quais 10%, nos Estados Unidos, já tentou suicídio e cuja taxa de atendimento em alguns serviços especializados chegou a aumentar 700%. “É, portanto, um problema gigante, que não pode ser simplificado em sua abordagem”, complementa o médico.
Mas, como conversar sobre suicídio com adolescentes? Stanislau destaca alguns tópicos essenciais para abordar o tema. “Primeiro, é importante que a pessoa entenda que o suicídio não pode ser a única solução para seus problemas insolúveis, abordando outra forma de pensar, como quais os problemas que a pessoa enfrenta e quais soluções existem além do suicídio. Ou lembrar que em outros momentos da vida, isso estará resolvido”.
Dr. Evaldo destaca que é preciso tratar abertamente os problemas externos, que podem ser múltiplos, como redes sociais, bullying, problemas na escola ou de discriminação de toda ordem. “Conversando sobre isso, podemos ajudar a superar. Da mesma forma, precisamos identificar os problemas internos, sobretudo as distorções do pensamento, sofrimentos, pensamentos e emoções e, uma vez feito, aprender a lidar com eles e abordá-los da forma adequada”, complementa.
Por fim, Stanislau pontua a necessidade de estimular que a pessoa pense no que ela pode fazer sobre o problema e ensinar caminhos para se manter vivo. “Estimular o diálogo com os pais, familiares e amigos, ensinar ferramentas de controle e defesa psicológica, dar números de telefone para suporte (CVV 188) e, evidente, terapia médica. Não é simples, mas ao menos devemos estar atentos e ajudar”, finaliza.