Mudanças climáticas: emergência de saúde pública

28/11/2025
Marlana UniSul 1

Especialista da Inspirali explica como a crise já vem afetando diretamente a população

Com o fim da COP-30, muitas resoluções e novos questionamentos viraram pauta em todo o mundo no que diz respeito a crise climática. Já considerada uma crise de saúde pública, as mudanças do clima chamam atenção também de autoridades médicas e da população. Para entender a relação entre os efeitos do clima e a saúde, a Inspirali convidou a Dra. Marlana Kusama, pediatra e professora na UniSul, para falar sobre o tema. Confira:

1. – Como as mudanças climáticas afetam a nossa saúde?

R: As mudanças climáticas afetam a saúde humana por meio de ondas de calor, poluição do ar, eventos extremos, contaminação alimentar e expansão de doenças transmissíveis. Artigos publicados na OMS, o IPCC e o Lancet Countdown apontam impactos crescentes e necessidade urgente de adaptação.

2. Há riscos ou alertas de surgimento de novos tipos de vírus por conta das mudanças climáticas?

R: O aquecimento global altera habitats, estressa ecossistemas e intensifica o contato entre humanos, animais silvestres e vetores, aumentando a probabilidade de spillover (transmissão de vírus de animais para humanos). O risco cresce, embora novos surtos dependam também de práticas humanas e vigilância sanitária.

3. Das enfermidades já existentes, acredita que podem piorar por conta do clima?

R: Doenças transmitidas por vetores como dengue, zika, chikungunya e malária tendem a se expandir para novas regiões. Já doenças transmitidas por água e alimentos, como em enchentes e secas, aumentam casos de diarreias, leptospirose e surtos relacionados a água contaminada. Incêndios florestais e poluentes agravam quadros respiratórios e cardiovasculares. Também existe o estresse térmico, que é quando ondas de calor aumentam mortalidade e internações por doenças cardíacas, renais e metabólicas. E, não menos importante, temos o impacto na saúde mental, pois eventos extremos impactam ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.

4. – Devemos nos preparar para algum novo surto?

R: A preparação inclui vigilância integrada (clima-saúde-vetores), fortalecimento de laboratórios e serviços de saúde, protocolos para ondas de calor e enchentes e redução de riscos ambientais como desmatamento.

5. Em relação a saúde da população, existe alguma região mais propensa a sofrer por conta do clima?

R: Sim, por exemplo, países tropicais e subtropicais são sinônimo de grandes cidades expostas ao efeito de ilha de calor. Já países de baixa renda e pequenas ilhas (SIDS) possuem comunidades próximas a áreas de risco climático e baixa infraestrutura.

6. – Existe algum preparo diferenciado para os futuros médicos por conta da nova realidade climática?

R: Escolas médicas começam a incluir “Saúde Planetária” no currículo, para identificação de doenças sensíveis ao clima, manejo clínico de calor extremo, vigilância epidemiológica e sustentabilidade em serviços de saúde.

7- Há planos de algum novo protocolo de atendimento que identifique manifestações causadas pelo clima?

R: Existem diretrizes para calor extremo, incêndios e surtos pós-desastres, mas ainda faltam protocolos padronizados que integrem clima de forma sistemática na anamnese e nas ações de vigilância.

8 – Em termos de saúde, estamos preparados para estas constantes mudanças do clima, que tendem a piorar com o passar do tempo?

R: Os sistemas de saúde não estão plenamente preparados. O financiamento para adaptação climática é insuficiente. Indicadores de exposição (calor, poluição, incêndios) aumentam mais rápido do que a capacidade de resposta dos países.

9 – Existe algum estudo que relacione as mudanças climáticas com a saúde da população?

R: Sim. Estudo da Organização Mundial da Saúde – OMS constata 250.000 mortes adicionais/ano previstas entre 2030–2050 por causas relacionadas ao clima. A Lancet Countdown constata aumento global de mortalidade por calor e expansão de áreas adequadas para transmissão de dengue. IPCC AR6 relata que entre 3 a 3.6 bilhões de pessoas vivem em regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas. Podemos concluir que as mudanças climáticas já são uma emergência de saúde pública. Fortalecer sistemas de saúde, prever riscos climáticos, educar profissionais e reduzir vulnerabilidades sociais é essencial para reduzir vulnerabilidades sociais no presente e futuro.

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