Mês das Crianças: Como as brincadeiras ajudam no desenvolvimento infantil?

17/10/2025
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Especialista da Inspirali alerta para falta de interação e uso excessivo das telas

Brincar é a forma que a criança tem para se expressar e regular suas emoções. Além disso, o ato também desperta a imaginação e ajuda os pequenos no desenvolvimento físico e mental. No mês em que comemoramos o Dia das Crianças, a Inspiral convidou a psicóloga do projeto Angatu, na UnP (Universidade Potiguar), Jéssika Barbara Salustro Frutuoso, para falar sobre a importância das brincadeiras e quais cuidados devem ser tomados. Confira:

– Quais os benefícios de brincar?

R: Brincar é a forma que a criança tem de expressar e regular suas emoções, de se comunicar com o mundo ao redor, despertar a imaginação, desenvolver habilidades sociais que a preparam para os papeis de adulto. Durante esses momentos, ela também exercita a flexibilidade cognitiva, ensaia resolução de problemas e aprende a lidar com frustrações, competências que continuam importantes ao longo da vida. Mesmo na fase adulta, reservar espaço para atividades lúdicas ajuda a reconectar com o prazer saudável e alivia o estresse. Por isso, digo: de vez em quando, leve sua vida adulta para brincar!

– O que o ato de brincar pode desenvolver em uma criança?

R: As brincadeiras contribuem para todos os domínios do desenvolvimento. Durante esses momentos, habilidades cognitivas, sociais e atributos físicos são praticados, servindo como um passo importante para as próximas fases do desenvolvimento humano. Por exemplo, brincadeiras que envolvem revezamento, como de esconde-esconde ou pega-pega, se assemelham ao revezamento que acontece na maior parte das interações sociais.

– De que forma as brincadeiras desenvolvem o lado cognitivo e emocional? Quais são as brincadeiras ideais para este desenvolvimento?

R: Algumas brincadeiras mais sociais têm como ponto forte a oportunidade de desenvolver e manter amizades, além de trabalhar a cooperação, a mediação de conflitos e a resolução de problemas, bem como o manejo da frustração, especialmente quando envolvem perdas. Jogos e brincadeiras de faz de conta estão associados ao desenvolvimento da criatividade, da flexibilidade cognitiva e do planejamento, funções cognitivas essenciais.

– E como podem desenvolver a parte física? Quais são as brincadeiras ideais para este desenvolvimento?

R: Crianças em idade escolar estão em constante crescimento, por isso as brincadeiras que envolvem correr, saltar e lançar usando grandes grupos musculares são importantes para o avanço das habilidades motoras.

– Brincar é importante para a saúde mental das crianças? Por quê?

R: Sim, brincar traz benefícios imediatos para o bem-estar psicológico e pode gerar efeitos positivos na saúde social e emocional para o resto da vida. Durante as brincadeiras, as crianças desenvolvem e expressam emoções diversas, como alegria, raiva ou frustração, e todas essas experiências contribuem para a regulação emocional. Além disso, a socialização presente nas brincadeiras é essencial para a saúde mental, já que somos seres sociais e a interação entre pares promove a aprendizagem de seguir regras, ter empatia e cooperação.

– Uma criança que não brinca, pode ser sinal de algum tipo de doença ou transtorno?

R: O brincar faz parte do marco do desenvolvimento saudável do corpo e do cérebro. Através das brincadeiras, as crianças se envolvem no mundo ao seu redor e esse é o contexto no qual ocorre boa parte da aprendizagem. Do ponto de vista evolucionista, brincar também serve a um propósito: habilidades físicas, cognitivas e sociais necessárias para a vida adulta são construídas de forma lúdica. Se uma criança não apresenta interesse por nenhum tipo de brincadeira, isso pode afetar seu desenvolvimento emocional e social, sendo um sinal de alerta que merece investigação profissional.

– Quando os pais devem se preocupar? Quais medidas devem tomar neste caso?

R: A partir dos 3 meses de idade, os bebês apresentam comportamentos de brincadeiras, como gritos, caretas e expressões faciais. Com o passar dos meses, essas manifestações se tornam mais complexas. O brincar é um comportamento esperado no desenvolvimento humano. Portanto, se os pais perceberem que a criança não demonstra interesse por nenhum tipo de brincadeira, é importante a avaliação de profissionais da área médica e psicológica, a fim de investigar o contexto da criança e identificar possíveis necessidades de intervenção.

– Com a realidade tecnológica que vivemos hoje, como os pais podem conciliar o mundo digital e real para seus filhos?

R: O equilíbrio entre o mundo digital e o real depende muito do ambiente familiar. As crianças tendem a imitar o comportamento dos pais, inclusive em relação ao uso de telas. O primeiro passo é que os adultos sejam modelos de uso equilibrado da tecnologia. Apesar de ser um grande desafio, especialmente em um mundo moderno em que trabalhos autônomos, empresas ou home office aumentam ainda mais a exposição às telas, é possível conciliar os dois mundos. Para isso, recomenda-se incentivar e priorizar interações presenciais com outras crianças sempre que possível, manter a tecnologia fora dos momentos de refeição e na hora de dormir, e oferecer alternativas concretas, como as brincadeiras ao ar livre, leitura, músicas e atividades que estimulam o corpo e a criatividade.

– Como e quando introduzir as crianças ao mundo digital? Quais limites devem ser considerados?

R: O tema é complexo e está em constante evolução. No Brasil, o Governo Federal publicou em março deste ano um Guia sobre Uso de Dispositivos Digitais, que oferece recomendações para nortear o uso desses recursos. De forma geral, não se recomenda o uso de telas para crianças com menos de 2 anos, salvo para contato com familiares por videochamada. Crianças com menos de 12 anos devem ter o acesso a redes sociais sempre acompanhado por adultos e respeitando a classificação indicativa, já entre 12 e 17 anos, o uso de dispositivos eletrônicos, aplicativos e redes sociais deve ocorrer com acompanhamento familiar ou de educadores.

Vale ressaltar que mundo digital não se trata apenas do tempo de exposição, mas também do tipo de uso, do contexto em que é oferecido e da participação dos responsáveis, fatores que realmente impactam no desenvolvimento da criança.

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